domingo, 23 de maio de 2010

A questão do trabalho no Brasil

O trabalho na sociedade moderna capitalista

Karl Marx e a divisão social do trabalho
A divisão social do trabalho acontece no processo de desenvolvimentos da socie-dade. Para satisfazer nossas necessidades estabelecemos relações de trabalho e a divisão das atividades.
Divisão: trabalho rural (agricultura) e trabalho urbano (comércio e indústria). Quem administra (diretor ou gerente) e quem executa (operário). O trabalho gera divisão de classes.
O proprietário das máquinas precisa de um operador e o trabalhador passa a ser um operário das máquinas que recebe o seu salário.
Relação dois iguais: relação entre o proprietário da mercadoria mediante a compra e venda da força de trabalho. O trabalhador fica subordinado a máquina e ao seu pro-prietário.
Mais valia: o trabalhador é contratado para 8h / o capitalista precisa de apenas 4 ou 5h para ter lucro / as horas restantes está a disposição do capitalista que não paga este excedente / o operário não recebe pelo que produziu /
Acumulação de capital: As horas de trabalho não pagas, acumuladas e reaplicadas no processo produtivo, vão fazer com que o capitalista enriqueça rapidamente, ele se apropria da força do trabalhador.
Se percebendo explorado e miserável, começam as greves e até destruição das má-quinas.

Emile Durkheim e a coesão social
A crescente especialização do trabalho na produção industrial moderna trouxe uma forma superior de solidariedade e não de conflito.
Solidariedade mecânica: cada um sabe fazer todas as coisas que necessita para vi-ver. Existe um conjunto de crenças, tradições e costumes comuns.
Solidariedade orgânica: é fruto da diversidade entre os vários indivíduos e não da identidade nas crenças e ações. União na interdependência das funções sociais e cada um faz a sua parte. Ex. *ônibus: motorista / cobrador / *supermercado: caixa / gerente / empacotador / limpeza / * hospital: médico / enfermeiro / atendente. (cada um desempenha a sua função para a realização de um serviço total que dependem de várias pessoas. A sociedade cria solidariedade e lhe dá coesão.
Se não há solidariedade deve haver falta de regulamentação nas instituições existen-tes.

Fordismo-Taylorismo: uma nova forma de organização do trabalho
A divisão do trabalho mais detalhada e encadeada. A produção para consumo em massa. Estabeleceu jornada de trabalho de 8h por cinco dólares. O que significava ter lazer, suprir necessidades e poder até comprar um Ford. Inicia-se a produção e consumo em larga escala.
Aplicar princípios científicos não organização do trabalho, racionalizando o processo produtivo.
Resultado: aumento de produtividade com o uso adequado possível de horas traba-lhadas / divisão a parcelamento das tarefas / mecanização de parte das atividades (linha de montagem) sistema de recompensas e punições conforme o compor-tamento do operário no interior da fábrica.
Desenvolve-se um sistema de planejamento para controlar a execução das tarefas, criando um grupo de especialista em administração da empresa.
A hierarquia e impessoalidade foram introduzidas. O operário tinha valor secundário pois o essencial eram as tarefas de planejamento e supervisão, causando uma divi-são e trabalho vindo de cima não levando em conta os operários.
Conciliação deste problema com medidas para evitar o conflito e promovendo o equilíbrio e a colaboração no interior da empresa, revalorizando os grupos de refe-rência dos trabalhadores.
Há uma consciência coletiva que determinam normas, regras e disciplina e moral e a ordem estabelecida. As empresas devem definir claramente o lugar das atividades de cada um.
Este longo processo tem o objetivo de transferir para a gerência todo o processo produtivo. O operário tinha de operar a máquina conforme a ordem de seu admi-nistrador. Marx critica dizendo da manipulação do operário pelo especialista e da construção de seguranças para incentivar ao trabalho coletivo para suprir as necessidades do capitalista.

As transformações recentes no mundo do trabalho
Pós fordismo ou acumulação flexível: a busca por mais lucro, foram inventadas novas formas de produtividade no trabalho e no mercado.
1) Flexibilização dos processos de trabalho: automação e eliminação do controle manual. O engenheiro de produção é o mais importante. O trabalha-dor tem de se adaptar a todos os processo de trabalho para se manter
2) Flexibilização dos mercados de trabalho: os empregadores usam as mais variadas formas de trabalho; doméstico, familiar, autônoma, temporária, por hora ou prazo, terceirizada, etc. Causando alta rotatividade, baixo nível de especialização e sem direitos trabalhistas.

A sociedade salarial está no fim?
O trabalho fixo está acabando e as pessoas não ficam muito tempo em um único emprego. Trabalho e previdência (França) não significam segurança.
Aspectos que parecem estar se generalizando:
• Desestabilização dos estáveis: ou velhas demais / ou sem qualificação / ou jovens para se aposentar.
• Precariedade no trabalho: os empregos têm postos de trabalho estáveis.
• Déficit de lugares: não há postos de trabalho para todos.
• Qualificação do emprego: muita exigência não deixa ter experiência ou quali-ficação ficando vagando a procura de emprego.
As pessoas sem empregos ficam a margem da sociedade e sem referências sentin-do-se inúteis.

O trabalho nas diferentes sociedades

Introdução:
Para que existe o trabalho? Quem o inventou? O seu significado é semelhante nas diferentes sociedades?
O trabalho existe para satisfazer as nossas necessidades desde as mais simples até as mais elaboradas. Fomos nós que o inventamos e seu significado é dife-rente em cada cultura.

O trabalho nas diferentes sociedades
A produção de cada objeto necessita uma complexa rede re atividades. Ex. um pãozinho. (trigo; água e sal)
Trigo: agricultor que planta e colhe / moinho / comércio.
Sal: retirar do mar / refinar, embalar.
Água: retirara / tratada / distribuída
Energia: para cozinhar, transformar.
São necessários equipamentos, máquinas, pessoas, etc.
Na ponta está todo aquele que comercializa estes produtos que chegam as nos-sas mãos.
Essa complexidade é uma característica de nossa sociedade, deferente de outras que possuem outras características.

A produção nas sociedades tribais
As sociedades tribais não se organizam a partir do trabalho, mas, de tarefas que são relacionadas às necessidades, ligadas ao parentesco, festas e as artes.
Organização das tarefas por sexo e idade. Muitos acreditavam por preconceito, que estas comunidades eram rudimentares. Mas o mundo civilizado cercou os meios de subsistência: pesca, caça e alimentos da floresta. Estas são as socie-dades de abundância ou lazer, pois possuem tudo para a sua subsistência se de-dicando ao seu lazer e outras atividades. Horas de produção: Ianomâmis: 3 ho-ras. Guaiaki: cinco horas. Kung: 4 horas.
Mas isto não significa que existiam privações. Todos estavam bem nutridos.
Podemos explicar isto pelo relacionamento destes povos com a natureza, dife-rente do nosso, na floresta estão os presentes para a sobrevivência e tudo o que precisam está nela e por isso a preservem, respeitam e protegem.
Não há um mundo do trabalho nestas comunidades, mas uma integração com a natureza.

Escravidão e servidão
Trabalho = tripalium, um instrumento de tortura, ligado durante muito tempo a idéia de atividade penosa e torturante.
Na sociedade grega romana era o escravo que trabalhava para as maiores ne-cessidades, depois apareciam os artesãos e os camponeses.
O trabalho escravo era fundamental para os senhores que apenas discutiam os rumos da cidade.
Labor: o esforço físico voltado para a sobrevivência do corpo, sendo uma ati-vidade passiva e submissa. Ex. Cultivo da terra.
Poiesis: o fazer, o ato de fabricar, de criar algum produto mediante o uso de um instrumento ou mesmo das próprias mãos. O artesão ou escultor.
Práxis: a atividade que tem a palavra com principal instrumento, utilizando o discurso como um meio para encontrar soluções para o bem estar dos cidadãos. O político, a vida pública.
Nas sociedades feudais, e no mundo grego os trabalhadores (os servos, campo-neses e aldeões) e os que viviam do trabalho dos outros (os senhores feudais e membros do clero), dependiam da terra e existia uma dependência dos servos para com seus senhores.
Corveia: o trabalho do servo para a manutenção da propriedade e cultivo das terras.
Talha: taxa paga ao senhor pro tudo o que era produzido na terra.
Banalidades: taxa pelo uso do moinho, do forno, dos tonéis de cerveja, e pelo fato de simplesmente residir na aldeia.
Artesanato: baseado nas corporações de oficio, tendo um mestre que pagava os direitos ao rei ou ao senhor feudal. Depois dele viria o oficial, o intermediário entre o mestre e o aprendiz, que era responsável por ensinar, organizar a jornada de trabalho e fazer a remuneração. O aprendiz estava subordinado ao mestre.
Nestas civilizações o trabalho não era valorizado.

As bases do trabalho na sociedade moderna
Com o fim do período medieval e a emergência do mercantilismo, o trabalho muda de figura e é algo positivo. Como as atividades, antes feitas por escravos, tinham de continuar a serem feitas, o trabalho mudou seu conceito e não é mais algo torturante, mas benéfico e digno. Produtores e artesãos se tornaram assala-riados.
Foram separados: casa e local de trabalho / trabalhador e instrumentos / não fabricava mais sua matéria prima, e tudo passou a ser de comerciantes e indus-triais, que comercializavam, organizavam e coordenavam a produção, definiam o que produzir e em que quantidade. Eles tinham o dinheiro.
Processos de organização do trabalho:
Cooperação simples - * hierarquia de produção: mestre e discípulo * o artesão desenvolvia seu produto, do molde ao acabamento * Estavam a serviço de quem fornecia matéria prima * é o inicio do trabalho coletivo.
Cooperação avançada (manufatura) - * o trabalhador é o artesão, mas seu tra-balho era como uma linha de montagem * o trabalhador coletivo não entende mais seu processo de trabalho e apenas faz a sua parte 8 o trabalho tornou-se mercadoria de compra e venda.
Maquino fatura: o fazer manual substituído pelas máquinas. Na fábrica esta-vam todas as ferramentas de trabalho.
Setores que colaboraram para a mudança de compreensão do trabalho:
1. Igrejas: o trabalho é um bem divino. Não trabalhar é pecado.
2. Governantes: criação de leis e decretos penalizando o não trabalhador que são considerados vagabundos.
3. Empresários: disciplina de entrada e saída.
4. Escolas: eram explicadas as crianças que o trabalho era fundamental para a sociedade. Ex. conto: A cigarra e a formiga.
Na vida real o trabalhador estava livre, não era mais escravo ou servo, mais o seu período de trabalho aumentou ainda mais.

Evolução das horas de trabalho semanal
Inglaterra França
1650-1750 45/55h 50/60h
1750-1850 72/80h 72/80h
1850-1937 58/60h 60/68h

Para que o capitalismo existisse foi necessário libertar o trabalhador que, ficou subordinado ao seu patrão pelo trabalho assalariado.
O que era antes o escravo, com o aumento do tempo de trabalho à que não es-tava acostumado, submeteu-se ao ritmo do trabalho e não mais da natureza. E perdeu-se a noção de manufatura por causa do trabalho em série.
A santa segunda feira: Na Europa é instituída a segunda feira como dia de trabalho de manutenção, para o descanso das longas jornadas de as vezes 12h ou 18h e dos fins de semana onde havia muitas vezes abuso no uso de álcool. Foi o inicio para habituar o operário para o trabalho semanal regular.