terça-feira, 8 de junho de 2010

As desigualdades sociais no Brasil

A sociedade capitalista e as classes sociais

Estrutura e estratificação social

Em todos os lugares verificamos a desigualdade social que podemos organizar através de bens simbólicos, pelo que temos de mais ou de menos.
*Por que existem desigualdades? *Quais são as formas de desigualdade existentes?
Vamos nesta unidade refletir sobre as diferentes formas de desigualdade em dife-rentes tempos e lugares no Brasil.

ESTRUTURA SOCIAL é o que define determinada sociedade se constitui da rela-ção de vários fatores: econômicos, políticos, sociais, religiosos, culturais, etc. que dão uma face para cada sociedade.
ESTRATIFICAÇÃO: a maneira como os vários indivíduos e grupos são classifica-dos em estratos (camadas) sociais e o modo como ocorre à mobilidade de um nível para o outro.
Para estudar a estratificação devemos verificar como se organizam as estruturas de apropriação (economia) e dominação (política), influenciados também por outros elementos (religião, escola, etnia, etc.) que influem no processo de hierarquização. Estas semelhanças e diferenças são produzidas pelos diferentes processos históri-cos.

AS SOCIEDADES ORGANIZADAS EM CASTAS
É uma configuração social baseada na hierarquia baseada na religião, etnia, cor, hereditariedade e ocupação, definindo a organização de poder político e a distribui-ção da riqueza gerada pela sociedade. Este sistema sobrevive até hoje na Índia, apesar de politicamente ter sido abolido pelos anos de 1940, culturalmente ele or-ganiza esta sociedade.
• Brâmanes: sacerdotes. Superior a todas as castas.
• Xátrias: guerreiros. Casta intermediária que se encarrega do governo e ad-ministração pública.
• Vaixás: comerciantes, artesãos e camponeses. Estão abaixo dos xátrias.
• Sudras: trabalhos servis. Casta inferior.
• Párias: não pertence a nenhuma casta. Não seguem estas regras.

Características: relações muito estanques; não há mobilidade social: hereditarie-dade e endogamia (casamentos somente entre as castas). Somente podem se ali-mentar com os integrantes de sua casta; as castas inferiores não podem ser toca-das pelas superiores;
É possível que as castas inferiores tenham costumes das superiores e até casa-mentos entre diferentes classes, exceto os brâmanes.
A introdução de costumes acidentais tem modificado politicamente a organização de castas na Índia, que se mantém por ser uma tradição cultural local.

AS SOCIEDADES ORGANIZADAS POR ESTAMENTOS
O sistema feudal se organizou desta maneira. Havia três estados: nobreza, clero e o terceiro estado (comerciantes, industriais, trabalhadores urbanos e camponeses).
Ela não se revela e explica apenas no nível estruturas de poder e apropriação. O que identifica e diferencia um estamento é um conjunto de direitos e deveres, privi-légios e obrigações que são aceitos como naturais e são publicamente reconheci-dos, mantidos e sustentados pelas autoridades oficiais e tribunais. A relação com o poder e a participação na riqueza é questão de direito.
Era possível a mobilidade social, mas muito controlada para não haver diminuição da riqueza.
Relação de reciprocidade: Era obrigação dos camponeses (trabalho) em proteger os senhores feudais, que em troca deixavam estes camponeses viverem nas suas terras. Entre os proprietários de terra havia uma obrigação de manter a segurança nas terras. Prevalecia a desigualdade entre os vários níveis sociais.
Utilizamos hoje o termo estamento para designar determinada categoria ou ativida-de profissional que tem regras muito precisas para que se ingresse nela ou para que o indivíduo se desenvolva nela, com um rígido código de honra e de obediência. Ex. militares, médicos.

POBREZA: CONDIÇÃO DE NASCENÇA, DESGRAÇA, DESTINO...
A pobreza é a condição mais visível de desigualdade em nosso cotidiano. Na idade média: o pobre é um complemento do rico. A condição de nascença definia a po-breza e positivamente ela despertava a caridade e compaixão. Surgem situações compensatórias aonde chegam às expressões: “pobres em virtude” ou “ricos em espiritualidade”. Os ricos tem uma obrigação moral de ajudar os pobres.
Temos várias compreensões de pobreza: A pobreza é uma desgraça causada pela guerra ou adversidades (doenças, deformidades físicas). No século XVI a po-breza é ambígua sendo pobreza de Cristo e perigo para a sociedade, sendo neces-sária disciplina e enquadramento. O Estado herda a função de cuidar dos pobres. Com o crescimento da produção e assim a crescente mão de obra, a pobreza é interpretada como preguiça e indolência dos que não querem trabalhar, para submeter a todos a condição de trabalho industrial. No século XVIII o liberalismo justifica a pobreza; as pessoas são responsáveis pelo seu destino e ninguém tem obrigações para ajudar o pobre.
A partir das teorias econômicas de Malthus, se dizia que toda assistência social aos pobres deve ser repudiada, pois teriam mais filhos, aumentando sua miséria. Recomendava-se a abstinência sexual e casamento tardio.
No século XIX difunde-se a ideia de que o trabalhador é perigoso: poderiam trans-mitir doenças e viviam em condições precárias de higiene, saúde e saneamento e podia rebelar-se contra outras classes questionando a riqueza e poder.